"Construir uma casa tornou-se uma aventura.
É preciso paciência, coragem e entusiasmo.
O projecto de uma casa surge de formas diferentes. Subitamente, por vezes, às vezes lenta e penosamente. Tudo depende da possibilidade e da capacidade de encontrar estímulos - bengala difícil e definitiva do arquitecto.
O projecto de uma casa é quase igual ao de qualquer outra: paredes, janelas, portas, telhado. E contudo é único. Cada elemento se vai transformando, ao relacionar-se.
Em certos momentos, o projecto ganha vida própria.
Transforma-se então num animal volúvel, de patas inquietas e de olhos inseguros.
Se as suas transfigurações não são compreendidas, ou dos seus desejos é satisfeito mais do que o essencial, torna-se um monstro. Se tudo quanto nele parece evidente e belo se fixa, torna-se ridículo. Se é demasiadamente contido, deixa de respirar e morre.
O projecto está para o arquitecto como o personagem de um romance está para o autor: ultrapassa-o constantemente. É preciso não o perder.
O desenho persegue-o.
Mas o projecto é um personagem com muitos autores, e faz-se inteligente apenas quando assim é assumido, é obsessivo e impertinente em caso contrário.
O desenho é o desejo de inteligência."
É preciso paciência, coragem e entusiasmo.
O projecto de uma casa surge de formas diferentes. Subitamente, por vezes, às vezes lenta e penosamente. Tudo depende da possibilidade e da capacidade de encontrar estímulos - bengala difícil e definitiva do arquitecto.
O projecto de uma casa é quase igual ao de qualquer outra: paredes, janelas, portas, telhado. E contudo é único. Cada elemento se vai transformando, ao relacionar-se.
Em certos momentos, o projecto ganha vida própria.
Transforma-se então num animal volúvel, de patas inquietas e de olhos inseguros.
Se as suas transfigurações não são compreendidas, ou dos seus desejos é satisfeito mais do que o essencial, torna-se um monstro. Se tudo quanto nele parece evidente e belo se fixa, torna-se ridículo. Se é demasiadamente contido, deixa de respirar e morre.
O projecto está para o arquitecto como o personagem de um romance está para o autor: ultrapassa-o constantemente. É preciso não o perder.
O desenho persegue-o.
Mas o projecto é um personagem com muitos autores, e faz-se inteligente apenas quando assim é assumido, é obsessivo e impertinente em caso contrário.
O desenho é o desejo de inteligência."
Álvaro Siza, 1982, in "01 Textos"
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